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Lançamento | Livro

CHILE EM SANGUE

Memórias de um revolucionário | Euclides Moraes Gomes

O Golpe de Estado ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 é recente sobre o ponto de vista histórico. Os relatos sobre essa tragédia constantemente surgem na literatura e, quando se acredita não ter mais nada a ser revelado, eis que surge mais um acontecimento literário.

“Chile em Sangue”, obra biográfica de Euclides Moraes Gomes, nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, narra a história de um envolvido nos acontecimentos revolucionários que abrangeram o Brasil, Uruguai e Chile nos anos 60 e 70 do século vinte.

O livro mostra um autor que passou a juventude na luta constante por um projeto libertário. Viveu, em consequência, uma saga de perseguições e inquietações. Foi no Chile que seu destino revolucionário chegou ao máximo de envolvimento ao exercer, junto a embaixada do Brasil, em Santiago, a função de agente duplo. Ao mesmo tempo em que era membro do Movimento de Izquierda Revolucionária – MIR - também era funcionário dos militares brasileiros sediados no Chile, de onde passava as informações vindas do Brasil, via embaixada,  para fomentar o Golpe contra Salvador Allende.

“Chile em Sangue” traz uma narrativa poética e surpreende por revelações inusitadas. “Pouco se enxergava naquele início de manhã. O lusco-fusco entre a noite e o dia não permitia qualquer adivinhação do caminho pedregoso da entrada do Porto dos Aguateiros. A trilha, apesar de ser conhecida por todos nós andantes, era íngreme e escorregadia. Exigia cuidados extremos. A poucos metros o rio nos esperava e, submerso nele, um pequeno barco amarelo, com o nome Brasil III, pintado em verde na lateral esquerda, próximo à proa.”

Era o início da trajetória daquele jovem, que mais tarde iria cruzar as fronteiras do desconhecido para viver e participar das lutas impostas pela guerra fria.

“Chile em Sangue” revela muito mais que a participação de um jovem revolucionário brasileiro. E o testemunho dos “Anos de Chumbo”, uma época em que jovens foram torturados e mortos por perseguirem um projeto de vida e luta. O texto revela as andanças e conflitos de uma geração que se  comprometeu ideologicamente por toda a América Latina. “Foi nesse período que conheci Takao Amano, revolucionário de origem nipônica. Com ele aprimorei minhas teorias marxistas, e ações de combate. Foi uma figura humana de grande valor naquele momento.Revolucionário de grande firmeza, nutria amor e respeito pelo povo brasileiro, convicto de estar no caminho certo, nunca titubeou em relação aos caminhos da luta armada”.

Euclides Moraes Gomes conheceu grandes figuras da luta revolucionária nos anos 70. Com eles participou do processo de resistência no Brasil. Mas o rumo da luta armada no Brasil ficou inviável com a ação da CIA junto as forças de repressão, forçando aos poucos, os revolucionários a deixar o país. 

O Chile foi o caminho de muitos militantes brasileiros. Euclides Gomes chegou ao país andino e se deparou com mais um processo revolucionário.

“Encontrei no Chile o espírito revolucionário a cada palavra trocada com as pessoas nas ruas, nos cafés, nos ônibus em todo o lugar. No comando do país estava Salvador Allende, eleito em 1970, pelo Partido Socialista que fazia parte da coalizão da Unidade Popular –UP”.

O cenário era adequado a um jovem revolucionário. Foi nesse ambiente que ele conseguiu desempenhar o mais importante papel em sua vida, ao se aliar a revolução chilena. Nesse período acabou testemunhando um dos mais importantes movimentos revolucionários da América Latina. Assistiu todos os episódios significativos no processo do Chile pré-golpe e teve participação efetiva nos acontecimentos que culminaram com o final da Via Socialista sonhada por Allende.

Neste contexto o autor não ficou imune as consequências impostas pelo momento histórico. Acabou forçado a se refugiar em um campo de refugiado das Nações Unidas. Após longo período conseguiu asilo político em Portugal, onde mais uma vez foi perseguido pelos agentes da repressão brasileira. Finalmente conseguiu asilo na França, onde vive até hoje.

As memórias desse brasileiro, registradas em “Chile em Sangue” servirão a pesquisadores que desejarem escrever a história dos anos de chumbo, período conhecido como um dos mais sangrentos de nossa história recente.

Confira as fotos do lançamento do livro Chile em Sangue feito no Centro Cultural de Alegrete no dia 12 de Abril de 2017
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