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Coleção Oscar Cardoso Saraiva

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a abertura da exposição “Coleção Oscar Cardoso Saraiva”, com curadoria de Paulo César Brasil do Amaral, dia 12 de dezembro (quarta), às 19h, na galeria Iberê Camargo. A mostra pode ser visitada de 13 de dezembro a 1º de fevereiro de 2018, com entrada franca. Na data da abertura será lançado o livro Coleção Oscar Cardoso Saraiva, com imagens coloridas do acervo, em 112 páginas, produzido por Edy Kolts e Martha Reis. Após a abertura o livro estará à venda na Loja do Margs, no valor de R$70,00.

Histórias de coleções são diferenciadas pelas particularidades que lhes cabem: os modos que de alguma forma as diferenciam umas das outras, sejam em espécie ou ineditismo, por exemplo.

Esta é uma história rara.


Oscar Cardoso Saraiva (1905–1986) foi um empresário gaúcho que incorporou em si o sentido do vocábulo “mecenas”, na medida do que significou o termo até a metade do século passado, tempo em que viveu.


Oscar dedicou anos de sua vida a alimentar o espírito com a riqueza das artes e dos livros. Foi colecionador, admirador, e, mais do que isso, amigo de artistas e intelectuais de sua época, a quem acolhia no convívio de sua casa no bairro Moinhos de Vento e com quem se encontrava em locais da cidade de Porto Alegre, como o extinto Bar Urso Branco, na Rua Pinto Bandeira.


Dessas amizades, aos poucos, Oscar construiu uma razoável coleção de quadros que se caracterizam por apresentarem pequenas dimensões, aquilo a que a escola acadêmica carioca denominou tão apropriadamente “manchinhas”, termo que designa um trabalho em geral de campo feito com a rapidez de um estudo que servirá à obra final produzida no ateliê.


Aliás, boa parte dos artistas presentes na coleção Oscar Cardoso Saraiva formavam nos anos 1960-1970, o núcleo acadêmico da Sociedade Brasileira de Belas Artes, ainda hoje sediada no número 84 da Rua do Lavradio, no Rio de Janeiro.


A coleção é especial em tamanho (147 pinturas sobre tela, eucatex ou madeira, 63 paletas e 13 conchas pintadas e 17 pincéis de artistas, autografados), e de muita qualidade no conjunto. Nela figurando uma plêiade de pintores consagrados como os estrangeiros Aldo Locatelli, italiano de Bergamo que apresenta uma magnífica “Última Ceia de Cristo e seus Apóstolos”, cuja peculiaridade está na disposição espacial dos personagens desta passagem do Evangelho, bem diversa daquela clássica que se vê nas obras mais conhecidas; o catalão José Sicart e o tcheco Francis Pelichek; e brasileiros como o crítico e historiador de arte Oswaldo Teixeira do Amaral (fundador e diretor, por 25 anos, do Museu Nacional de Belas Artes – MNBA), Leopoldo Gotuzzo, Chlau Deveza, Edy Gomes Carollo, João Fahrion, Oscar Tecidio e, tantos outros relacionados neste catálogo que vem de ser publicado.


Aqui o colecionismo funda uma história incomum que doravante poderá ser registrada nos anais competentes, enriquecendo sobremaneira a lembrança da formação das artes visuais do Rio Grande do Sul no período em que elas mais se desenvolveram, justamente aquele em que a coleção foi sendo construída por Oscar.


De pintores notáveis a outros até mesmo ignotos, não sabemos ao certo se todos foram amigos próximos de Oscar, mas as características das obras da coleção, assim como a contemporaneidade entre todos os agentes dessa história única e pitoresca, indicam que sim.

Oscar também recebia esses artistas e intelectuais em sua casa na praia de Torres/RS, ocasiões em que se produziram raríssimas e delicadas pinturas a óleo tendo o nácar de conchas marítimas por suporte.


Encontramos nessa modalidade Durval Pereira, Edmundo Migliaccio, Sicart e Nicola Petti, entre os mais conhecidos. Outros pintaram sobre suas próprias paletas de tintas, que foram presenteadas ao mecenas em forma de agradecimento. Uma delas, datada de 1958, traz a assinatura de um grupo de amigos admiradores de Oscar, aparentemente em viagem, ou residentes em São Paulo, pelo que se pode depreender da imagem e dos escritos sobre ela.

A pintura sobre paletas era uma prática comum aos artistas de séculos passados, sendo que importantes museus brasileiros guardam em seus acervos obras nesta modalidade.
Finalmente, enriquecendo a coleção inusitada, apresenta-se um grupo de 17 pincéis de diferentes artistas, todos assinados em seus cabos.

A relevância da Coleção Oscar Cardoso Saraiva deve ser celebrada não só pela qualidade de seu rico conteúdo e pelos artistas nela constantes, mas, em especial, pela inédita história de sua formação. Pouco se sabia até aqui da existência de um desprendido mecenas em nosso meio; Oscar Cardoso Saraiva foi muito provavelmente um dos primeiros no Rio Grande do Sul. Menos ainda se conhecia sobre a preservação deste tesouro (um pequeno museu residencial) que chegou intacto aos dias atuais graças à dedicação de Alice, filha de Oscar, e do neto deste, Antonio.


A coleção agrega ainda outras obras adquiridas pelo casal Toninho e Helena ao longo do tempo, dentre as quais quadros de Vitório Gheno, ilustrador, como João Fahrion e Francis Pelichek, da lendária Revista do Globo.

Os artistas da Coleção Oscar Cardoso Saraiva foram marcantes em seu tempo e tinham em comum parte de suas formações na Académie de La Grande Chaumière, de Paris, como Alfredo Galvão, Chlau Deveza (filho do também pintor Raul Deveza), Yoshiya Takaoka, Aurélio D’Alincourt (este entre os maiores retratistas brasileiros) e Oscar Tecídio, conhecido como “o pintor do mar” e discípulo de Oswaldo Teixeira. Outros como Antônio Pacheco Ferraz, Paulo do Valle Júnior e Túlio Mugnaini frequentaram, na mesma Paris, o histórico Atelier Julien. Por essas duas escolas passaram grandes vultos do academicismo mundial.


É evidente a influência desses artistas sobre o círculo intelectual da Sociedade Brasileira de Belas Artes e da Academia Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro, redutos tradicionais das artes visuais que fizeram reverberar a lição figurativa no Brasil. O próprio Mugnaini dirigiu a SBBA de 1944 a 1965, tendo como pares o florentino Dario Meccati, Heitor de Pinho (também presidente da SBBA entre 1951 e 1952), Manoel Constantino e Oscar Tecidio, entre tantos.


Destaque especial para Francisco Brilhante (1901-1987), pintor de Porto Alegre que fazia das escadarias da Igreja do Rosário o seu próprio ateliê, e para Jurandir Campos (1903-1972), ilustrador de livros de Monteiro Lobato. 

Esses dados aqui condensados revelam a natureza e a relevância da Coleção Oscar Cardoso Saraiva que o Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta nesta inédita exposição.


 

Paulo César B. do Amaral
Diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
Membro de Grau da Academia Brasileira de Belas Artes, RJ

SERVIÇO


Exposição Coleção Oscar Cardoso Saraiva e Lançamento do livro


Abertura: 12 de dezembro de 2017, às 19h


Visitação: 13 de dezembro de 2017 a 1º de fevereiro de 2018, de terças a domingos, das 10h às 19h


Curadoria: Paulo César Brasil do Amaral


Local: Galeria Iberê Camargo do MARGS


Entrada Franca

Contatos:


Curador: Paulo César Brasil do Amaral – diretor@margs.rs.gov.br - 51 985421051
Núcleo de Curadoria: curadoria@margs.rs.gov.br – 51 32272012/ Ramal 7032
Núcleo de Comunicação: comunicacao@margs.rs.gov.br – 51 32863145 / Ramal 7192

Realização
Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli


Patrocínio
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Apoio
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Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Localização: Praça da Alfândega, s./n.
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Telefone: 32272311
Entrada Franca
Site: www.margs.rs.gov.br

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