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mODERNAS
PARA SEMPRE
A exposição Moderna para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural foi inaugurada na Fundação Iberê Camargo. Em um total de 144 obras, apresenta quatro trabalhos recém-adquiridos e incorporados à mostra pela primeira vez: Florale, de Geraldo de Barros, e Oca, Parque do Ibirapuera, de German Lorca, além de Composição e Sem Título, de Mario Fiori. Com curadoria do fotógrafo e pesquisador Iatã Cannabrava, a mostra soma trabalhos de 33 artistas renomados, com foco em sua participação no Foto Cine Clube Bandeirante, em particular, e em sua importância no movimento modernista para a cultura e identidade brasileiras.Fica em cartaz até 15 de julho.
A exposição voltou a ser apresentada em Porto Alegre, onde abriu as itinerâncias em 2010, agora com recorte ampliado para apresentar as mais recentes aquisições da coleção e exibidas pela primeira vez na cidade desde então – uma de Geraldo de Barros, outra de German Lorca e duas de Mario Fiori. No total, a mostra soma 144 imagens de mestres da fotografia produzida no país, a maioria membros do Foto Cine Clube Bandeirante, como Eduardo Salvatore, Thomaz Farkas, José Oiticica Filho, Marcel Giró e Ademar Manarini.
De caráter itinerante e sempre com diferentes recortes, Moderna para Sempre começou a circular em 2010, quando foi apresentada, também em Porto Alegre, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). De lá para cá, seguiu por mais 11 cidades brasileiras – Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Ribeirão Preto, São Paulo, Santos, Recife, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Vitória. No exterior, a mostra esteve em Assunção, no Paraguai, Cidade do México, no México, e Lima, no Peru.
Na Fundação Iberê Camargo, as obras recém-adquiridas de Mario Fiori – Composição (ca. 1950) e Sem Título (ca. 1950), se juntam a Elos [Link], trabalho realizado por ele também em 1950 e que tem percorrido as itinerâncias. Florale, de Geraldo de Barros, passa a fazer parte de um conjunto de 11 imagens do autor expostas em Moderna para Sempre, como Tatuapé (1948), Autorretrato (1949) e Cadeira Unilabor (1954).
Já o novo trabalho de Lorca – Oca, Parque do Ibirapuera – foi visto somente em São Paulo, no ano passado, durante a mostra Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos em comemoração às três décadas de existência do instituto. Na exposição em Porto Alegre, ela se junta a outras 12 fotografias assinadas por ele – entre elas, Curvas Concêntricas (1955), Pernas (1970), Galhos Remontados (1955) e Homem Guarda-Chuva (1954). “Atentos às transformações que ocorriam no mundo, os fotógrafos modernistas brasileiros devoraram influências para criar uma nova fotografia, que teve como premissa uma leitura essencialmente criativa e de ruptura”, explica Iatã Cannabrava. Assim, outros destaques de Moderna para Sempre, são Formas (1950), de Eduardo Salvatore, que teve importante papel no cenário fotoclubista como um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirante, em 1939, em São Paulo. Também, a fotografia vintage Sem Título, de data indefinida, Botellas (1950), Esboço (1960) e Autorretrato com sombra (1953), do catalão que viveu exilado no Brasil Marcel Giró.
Integram a mostra, ainda, obras dos fotógrafos José Oiticica Filho e Osmar Peçanha. Do primeiro, há seis fotografias feitas entre 1949 e 1958, todas com a sua marca de forte contraste de claros e escuros e a relação entre pessoas, espaços vazios e a geometria, como em Triângulos Semelhantes, de 1949. Do segundo, há quatro obras – Palmas (1951), Equilíbrio (1960), Estacas (1981) e Linhas (1993). Mais um expressivo membro do Foto Cine Clube Bandeirante, Thomaz Farkas, tem apresentados trabalhos como Energia (1940) e Bailarina do Balé da Juventude UNE, Rio de Janeiro, RJ (1947). Oito obras de Ademar Manarini retratam o abstrato-geométrico do autor, como pode ser ver em Janelas II (1953), Sem título (1950), Passarela – Largo Ana Rosa (1950) e Composição (1960), entre outras.
De Gertrudes Altschul, uma das raras representantes do gênero feminino no fotoclubismo a partir da década de 1940, estão expostas A Folha Morta (1953), Composição (s.d) e Composição II (s.d). Juntam-se a elas, as fotografias de Rubens Teixeira Scavone, como a contemporânea Abstração #5, de 1950, e Composição Moderna (1953), de Gaspar Gasparian.
Além de trabalhos de Gunter E.G. Schroeder, Fabio Moraes Bassi, Paulo Pires, entre outros,
estão presentes na exposição 23 trabalhos de José Yalenti.
Modernidade Quæ Sera tamen
O fato de nossa modernidade fotográfica ser tardia não diminui em nada sua importância. Na verdade, ele nos inspira a avaliar modos de produção, para além de questões cronológicas.
Atentos às transformações que ocorriam no mundo, os fotógrafos modernistas brasileiros devoraram influências para criar uma nova fotografia, que teve como premissa uma leitura essencialmente criativa e de ruptura.
Exímios laboratoristas, nossos modernistas experimentaram os limites da alquimia fotográfica e os malabarismos criativos que o quarto escuro possibilita – levando a eterna polêmica sobre linguagem e técnica dos limites da arte para dentro dos laboratórios.
Além disso, participavam ativamente de fotoclubes, matrizes coletivas que, com seus salões, catálogos e concursos, deram origem às primeiras teias internacionais de fotografia, antecipando os blogs e as redes sociais de compartilhamento de imagens dos dias de hoje.
Isso possibilitou, aos de cá, o conhecimento do que se fazia nos grandes centros da fotografia mundial e, aos de lá, a exposição do que se produzia por aqui.
Também mérito de nossa produção modernista é
o seu caráter questionador, que vai além das explicações e leituras fáceis. Isso torna a exposição Moderna para Sempre um enorme desafio, na medida em que traz, em seu cerne, reflexões e provocações sobre a essência de um ato fotográfico que rompe paradigmas e atravessa décadas.
Diversas das obras aqui apresentadas são inéditas fora do circuito fotoclubista. Fazem parte de um acervo da fotografia brasileira pouco conhecido pelo público, mas que reverbera sua influência nos autores mais recentes.
Iatã Cannabrava
Curador
Mais sobre Fotoclubismo
O fotoclubismo brasileiro teve início em São Paulo, no Foto Cine Clube Bandeirante, em 1939, e se alargou para outros fotoclubes da cidade paulistana. Em geral, era composto por fotógrafos amadores que, livres das obrigações de um trabalho comercial, puderam experimentar e quebrar regras. Nesses núcleos aterrissaram artistas como Geraldo de Barros, José Yalenti e German Lorca. “Nas imagens, encontramos as buscas por formas e volumes, abstracionismos e surrealismo, em uma evidente influência das antigas vanguardas europeias”, conta Cannabrava.
Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país, desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista. “As obras parecem uníssonas porque têm forte unidade temática, divididas em dois grupos: cidades ou formas, sejam elas geométricas, elaboradas ou simétricas”, explica o curador. “A partir deste momento, texturas, contraluzes, enquadramentos sóbrios, linhas, solarizações, fotomontagens, fotogramas, entre outros tópicos, passam a integrar o vocabulário criativo”, reforça.
Vale observar, também, que a maioria dos membros dos fotoclubes era de imigrantes de origem europeia ou descendentes de refugiados das guerras do hemisfério norte, estabelecendo no Brasil uma produção com olhar mais otimista e de esperança no futuro, distante de assuntos sociopolíticos que predominavam nos trabalhos da época, e diferenciando-se do movimento europeu focado nas dificuldades sociais.
Para o curador, este grupo se antecipou ao atual universo dos blogs, Facebook e Flickr montando o que poderia ser chamado de primeiras redes sociais de que se tem conhecimento na área de fotografia. Por meio de salões, catálogos e concursos, formaram uma teia internacional que divulgava a produção nos grandes centros da fotografia mundial e também do Brasil.
Sobre Iatã Cannabrava Fotógrafo, editor, curador e agitador cultural, Iatã Cannabrava possui três livros publicados – Casas Paulistas (2000), Uma Outra Cidade (2009) e Pagode Russo (2014) –, fotos nas coleções MASP-Pirelli, Galeria Fotoptica, Joaquim Paiva e MAM-SP e trabalhos publicados em oito livros de autoria coletiva.
sobre IATÃ CANNABRAVA
Fotógrafo, editor, curador e agitador cultural, Iatã Cannabrava possui três livros publicados – Casas Paulistas (2000), Uma Outra Cidade (2009) e Pagode Russo (2014) –, fotos nas coleções MASP-Pirelli, Galeria Fotoptica, Joaquim Paiva e MAM-SP e trabalhos publicados em oito livros de autoria coletiva.
Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural
Local: Fundação Iberê Camargo – 4º andaR
AVENIDA PADRE CACIQUE, 2000
Visitação: 19 de maio a 15 de julho
Horário: Sábados e domingos,
das 14h às 19h
(último acesso às 18h45min)
Entrada franca
De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados.
Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000
Classificação indicativa: Livre
A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park.
As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.
Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.
sobre A FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO
A Fundação Iberê Camargo é uma instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1995, a partir de um desejo do próprio artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e com o apoio de amigos e empresários de Porto Alegre.
Há 22 anos, a Fundação desenvolve ações culturais e educativas com a missão de preservar o acervo, promover o estudo, a divulgação da obra de Iberê Camargo e estimular a interação de seu público com arte, cultura e educação, por meio de programas interdisciplinares. Seu acervo é formado por um núcleo documental, composto de documentos e imagens relacionadas à vida e à obra do artista, e um núcleo com a coleção Maria Coussirat Camargo, que inclui pinturas, gravuras, guaches, desenhos e estudos de Iberê Camargo, obras que o casal acumulou durante a vida.
A sede da instituição, inaugurada em 2008, foi projetada pelo português Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo. O projeto recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (2002) e é mérito especial da Trienal de Design de Milão.
Referência arquitetônica na cidade de Porto Alegre, o prédio possui salas expositivas, átrio, reserva técnica, centro de documentação e pesquisa, ateliê de gravura, ateliê do educativo, auditório, loja, cafeteria, estacionamento e parque ambiental projetado pela Fundação Gaia.
A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio do Itaú, Grupo GPS, IBM, Oleoplan, Agibank, BTG Pactual, Banrisul e apoio SLC Agrícola, Sulgás e DLL Group, com realização e financiamento do Ministério da Cultura / Governo Federal. A Traduzca apoia a realização da exposição Avesso.
IBERÊ CAMARGO
[Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994] - Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries Carretéis, Ciclistas e As idiotas, que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.
sobre O ITAÚ CULTURAL
O Itaú Cultural é um instituto voltado para a pesquisa e a produção de conteúdo e para o mapeamento, o incentivo e a difusão de manifestações artístico-intelectuais. Dessa maneira, contribui para a valorização da cultura de uma sociedade tão complexa e heterogênea como a brasileira. Tem como missão, inspirar e ser inspirado pela sensibilidade e pela criatividade das pessoas para gerar experiências transformadoras no mundo da arte e da cultura brasileiras. Como visão, ser referência na valorização e na articulação de experiências culturais e a mais acessível e confiável fonte de conhecimento sobre a arte e a cultura brasileiras.
Ao considerar a cultura uma ferramenta essencial à construção da identidade do país e um meio eficaz na promoção da cidadania, o instituto busca democratizar e promover a participação social. Centro de referência cultural, promove e divulga a produção brasileira no país e no exterior desde 1987.
Contatos
Assessoria de Imprensa pelo Itaú Cultural: Conteúdo Comunicação
Fone: 11.5056-9800
Cristina R. Durán: cristina.duran@conteudonet.com
Mariana Zoboli: mariana.zoboli@conteudonet.com
Karinna Cerullo: cacau.cerullo@conteudonet.com
Roberta Montanari: roberta.montanari@conteudonet.com
No Itaú Cultural:
Larissa Correa: 11.2168-1950 larissa.correa@mailer.com.br
Carina Bordalo (programa Rumos): 11.2168-1960
carina.bordalo@terceiros.itaucultural.com.br
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Pela Fundação Iberê Camargo: Adriana Martorano | jornalista
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