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Os Dias eram Assim

 Show de Tássia Minuzzo

Análise | Música | Porto Alegre 

Por Clauveci Muruci

Quem foi assistir “Os dias eram Assim”com a cantora, compositora e pianista Tássia Minuzzo no Café Fon Fon, no início de dezembro, pode assistir um show histórico

Quem foi assistir “Os dias eram Assim” com a cantora, compositora e pianista Tássia Minuzzo e Trio no Café Fon Fon, no início de dezembro, pode assistir um show histórico. O trio formado por Luiz Mauro Filho (Piano) Marquinhos Fê (Bateria) e Everson Vargas (Baixo Acústico) compôs um espetáculo que passará a ser um marco na carreira da artista.

O show, que contou com dois convidados (Gelson Oliveira - Volver a los Diecisete - e Thaís Nascimento - Maldigo del alto cielo) abriu com casa lotada, apresentando um mosaico de autores latino-americanos, cujo conteúdo se aproximou pela temática engajada, dentro de um contexto em que se encontra o país.

A cantora, corajosamente, sugere com suas falas entre músicas, a proximidade entre os dois regimes políticos das ditaduras, o militar nos anos 60 e o atual processo ditatorial que vive hoje o país.

Os Dias eram Assim”, título em homenagem a Ivan Lins pelo que representou politicamente nos anos 70 [e sem relação com a recente minissérie editada pela Rede Globo], simboliza uma nova proposta na linha de atuação da cantora. Sair do limbo romântico, encaixando-se em temas da realidade atual, propondo mais ousadia, indica que Tássia Minuzzo está disposta a percorrer caminhos já vivenciados por outras grandes artistas que começaram aqui no Sul.

O repertório foi cuidadosamente escolhido para propor o efeito desejado, que era impactar os ouvidos mais exigentes. Tássia foi buscar canções nos compositores do Clube da Esquina (Tudo Que Você Podia Ser), discretamente destacou os heróis populares no México - Pancho Villa e Emiliano Zapata - ambos traídos e assassinados. Para depois partir para “Um girassol da Cor do Seu Cabelo”, dos irmãos Lô Borges e Márcio Borges.

Também no repertório “Deus Lhe Pague” do Chico Buarque (1971), destaca um dos compositores mais perseguidos pelos militares, com arranjos realizados por Tássia e Trio (Maurinho, Fê e Everson). “O que foi feito deverá”, um arranjo no título para enganar a censura, escondeu a verdadeira intenção de perguntar o que foi feito de Vera, desaparecida do regime militar.

As canções que vieram da Argentina ganharam um novo arranjo, Taquito Militar (1952) de Mariano Mores e Hurry de Hugo Fattoruso, e por último três músicas em homenagem à chilena Violeta Parra, “Maldigo del alto cielo” na canja da violonista Thaís Nascimento, “Volver a los Diecisete” com a participação do compositor e violonista Gelson Oliveira, e “Gracias a la Vida” com Tássia Minuzzo e Trio.

O Show foi encerrado com o sugestivo tema “Abre Alas” de Ivan Lins (1974) em parceria com Víctor Martins.

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