O livro que tem em mãos é o resultado de uma inquietação que me afligia há algum tempo. Percebi que havia uma grande mistificação em torno do debate sobre a natureza do regime social e econômico da China.

Movido por uma curiosidade impaciente, me pus a pesquisar e a estudar o assunto. Os sites, blogs, debates, vídeos do Youtube e a bibliografia que constam nas referências de pesquisa demonstram uma parte deste trabalho. O que encontrei nestes materiais me deixava insatisfeito. Para mim, a China não é algo "de outro mundo", "um novo modo de produção desconhecido", original, "fantástico" ou "demoníaco", como tentam fazer parecer alguns escritores, jornalistas e militantes.

Evidentemente que estamos falando de uma realidade complexa, dado que se trata do país mais populoso e um dos maiores e mais antigos do mundo, que possui uma cultura milenar. Por isso, não é uma tarefa fácil delimitar e descrever o fenômeno da ascensão mundial da China, nem definir qual é o seu regime político e econômico, porém não é uma tarefa impossível ou restrita a superespecialistas que detém o "conhecimento exato e completo".

Nesta jornada precisamos de um método de aproximação do nosso objeto, que precisa basear-se, sobretudo, na coragem, boa vontade e honestidade. O método utilizado aqui foi o materialismo histórico e dialético, somado à coragem para adentrarmos territórios não explorados; boa vontade para encarar todas as fontes de pesquisa, sabendo ver o positivo no negativo, e o negativo no positivo; e honestidade para tirar conclusões que contrariem nossos pontos de vistas.